Processo geográfico

A geografia como área de conhecimento é sistematizada e oficializada pelo sistema de ensino na 2ª metade do século 19 durante a revolução industrial na Europa e durante a fragmentação pelo colonialismo na África e Ásia.

A expansão industrial é disputada entre países, inclusive Alemanha e França. A geografia é a ciência nova que articula discursos para legitimar posses e organizações territoriais dos estados nacionais imperialistas.

La Blache e Ratzel são os mais importantes representantes desta nova ciência moderna com o objetivo de ler o mundo e seus territórios na defesa do estado nacional imperialista e sendo forjada na escola formando cidadãos soldados (Vesentini, 95) e a universidade formando sujeitos patriotas, acríticos e obedientes. Esta proposta pode ser vista reproduzida inclusive no Brasil na divisão regional brasileira em cinco macrorregiões sem consultas ou discussão desta regionalização, ou seja, o espaço é algo pronto e acabado.

Nos anos 60 e 70, Lacoste com Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra (1988), torna-se um marco para renovação e um processo de mudanças nos objetivos e práticas geográficas. Nos anos 80, a geografia passa a utilizar o saber sistematizado na linguagem escrita como referência para entender o espaço como resultado e elemento influenciador da realidade social. O exercício da análise geográfica compete da aproximação à complexidade do mundo, buscar diferentes pontos de vista para escrever isto em diferentes aspectos e em três eixos explicativos: a) político; b) cultural; e c) econômico.

É de se considerar que o político está normalmente contemplado, a cultural é raramente trabalhada e o econômico é muito abordado. Conhecer o espaço do aluno ajudaria na construção de uma geografia mais envolvente e próxima. A incorporação da interação entre diversas escala se análises locais em comparação a regionais e locais internacionais, criando relações com o contexto regional, nacional e internacional ao longo do processo histórico. Inclusive pela literatura poder-se tornar a obra literária como um dos subsídios para entender os contextos do lugar e as interações deste espaço com outras partes do país e do mundo. A literatura é referência de leitura como também de escrita. Provocar os estudantes a textualizar a análises espaciais com base em romances é mais prazeroso e rico que escrever tomando como base livros didáticos.

Ao longo dos anos 80, as fontes escolares de leitura mais usadas (livros didáticos) começaram a espelhar as mudanças da geografia advindas de La Blache fugindo das propostas clássicas da geografia.

Nos anos 90, se difundem as obras paradidáticas. Estes textos possuem maior capacidade de interação por parte das crianças e adolescentes em muitas vezes, provocando o aluno a escrever. Mas o livro da escola não pode ser a única orientação de leitura na sala de aula. O trabalho de campo e a pesquisa bibliográfica variada são instrumentos interessantes de leitura e escrita para o ensino da geografia.

Os trabalhos de campos, a mídia, a produção de textos, assim como as discussões com os alunos são recursos que, compete ao professor, analisar e saber utilizar destas formas para se tornar o ensino da geografia prazeroso e tornar o sujeito em atento a entender os processos do mundo e participar na transformação do mesmo.

Leitura e escrita da geografia ontem e hoje
Guilherme Reichwald Jr

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