Significado das linhas de seixos
Fichamento
do texto “REVISAO DOS CONHECIMENTOS SOBRE O SIGNIFICADO DAS LINHAS DE
SEIXOS”, de Silvio
Takashi HIRUMA na Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 27-28 (1/2),
53-64, 2007.
Segundo o autor stone-line “refere-se a um horizonte de
fragmentos angulosos a subangulosos, às vezes arredondados, de quartzo de veio,
quartzitos, couraças lateríticas, minerais pesados, ou de outros materiais
resistentes à alteração química, presente no interior da cobertura pedológica
em vastas áreas das zonas intertropicais. Em geral, as linhas de seixos
dispõe-se mais ou menos paralelamente à superfície topográfica, sendo limitada
acima por um horizonte relativamente homogêneo de textura
areno-síltico-argilosa, e, abaixo, pela rocha alterada.”
Podem-se encontrar
feições deste tipo do Rio Grande do Sul até as regiões florestadas de Rondônia,
Amapá e Roraima, das colinas de Cuiabá até setores do Planalto da Borborema.
Sua formação está
ligada a um processo único de condições climáticas constantes ou a vários
processos sucessivos.
Conforme THOMAS
(1994) é provável que a maior parte das linhas de seixos evolua a partir de
vários estágios: (1) acumulação residual resultante da dissolução e remoção de
materiais finos e intemperizáveis sob condições úmidas; (2) redistribuição e
concentração de cascalhos por escoamento superficial e coluvionamento associado
e; (3) modificação e recobrimento por bioturbação, rastejo, cavidades
produzidas por árvores (tree throw)
e, possivelmente, atividade antrópica.
O autor faz uma
revisão de literatura sobre a formação da linha de seixos e trabalha algumas
hipóteses:
a) Paleopavimentação
detrítica: Conforme AB ́SÁBER (1962), o paleopavimento seria formado por
fragmentos e seixos retrabalhados, depositados sob a forma de chão pedregoso em
período seco esporádico. Segundo BOURGEAT & PETIT (1966), RIQUIER (1969),
SEGALEN (1969), EMBRECHTS & DE DAPPER (1987, 1990) trabalham a hipótese de
que o paleopavimento não dependeria tão rigorosamente de aridez para sua
formação.
b) Ação
biológica: o autor inicia com a citação de GRASSÉ & NOIROT 1959 e BOYER
1959 sobre o papel da ação biológica seria no transporte de materiais a grandes
profundidades, nas mudanças da estrutura física do solo e na formação de novos
solos.
c) Processos
geoquímicos: as linhas de seixos constituiriam os produtos residuais do
intemperismo a partir de processos de diferenciação in situ, no interior do
perfil de alteração, que levariam à concentração dos elementos grossos
(COLLINET 1969; ALEVA 1983, 1991; THOMAS & THORP 1985; MCFARLANE & POLLARD
1987; LECOMTE 1988; LUCAS et al. 1990; entre outros).
Hiruma cita também
novos métodos e concepções sobre a formação de linha de seixos e movimento de
fragmentos:
a) Geomorfologia experimental: conforme o papel dos
processos pluviais que levariam a formação e destruição dessas feições: erosão
em lençol (sheetwash), impacto da
gota de chuva (splashcreep), micro-movimentos
induzidos por fluxo turbulento (runoff
creep), erosão em filetes (rill erosion) e coluvionamento.
b) Análises geoquímicas de multielementos: técnicas de
análises geoquímicas de multielementos, que permitem obter com precisão as
assinaturas geoquímicas do saprólito, linha de seixos e do material de
cobertura.
c ) Análise de isótopos cosmogênicos: esta técnica fornece
um registro quantitativo da exposição próximo à superfície destinada de solos e
rochas analisando a concentração de nuclídeos cosmogênicos produzidos in situ.
O estudo das linhas
de seixos apresenta implicações práticas em diversas áreas, como levantamento
geológico, prospecção mineral, engenharia civil, agricultura, arqueologia,
entre outras (VOGT 1966).
O autor conclui que
apesar da imensa literatura sobre o tema ainda é polêmico o processo de
formação das linhas de seixos.
“Os estudos sobre a origem das linhas de seixos envolvem
diferentes níveis de abordagem, desde observações geomorfológicas regionais e
locais, experimentos in situ, até análises micromorfológicas e químicas.”
Cita ainda que “uma
das questões principais que diferenciam as interpretações sobre a origem das
linhas de seixos é o papel das mudanças climáticas durante o Quaternário”, mas
que “outros mecanismos de geração de linhas de seixos associados à ação
biológica, processos coluvionares e/ou geoquímicos, não estão vinculados a mudanças
ambientais”.
Comentários
Prof. Lucivânio Jatobá- UFPE, Curso de Ciências Ambientais.