Taxa de parto cesáreo no Brasil

A taxa de parto cesáreo é a relação matemática entre o número de partos cesáreos e o número total de partos num determinado período de uma determinada região.

Tem sua utilização em análises geográficas e temporais apontando o desequilíbrio na proporção de partos por tipo vaginal e cesáreo e molda nos parâmetros adotados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, é possível avaliar a qualidade da assistência ofertada a gestante e ao parto, de maneira a contribuir para a melhor qualidade de pré-natal.

A indicação equivocada do parto cesáreo têm sido apontado por vários estudos relativos a saúde materno-infantil no Brasil. O Brasil possui altos índices de cesarianas. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), no ano de 1996, 40,23 dos partos foram por cesárea. Comparando este dado com 2010, é observada uma evolução de 29,93% de incremento na taxa.

Observando os dados de 1996 a 2010 em uma série temporal esta comparação é mais evidente (Figura 1). Nota-se uma queda no ano de 1999 e um aumento com ápice em 2010 com 52,27% dos partos sendo realizados por cesárea.

Evolução da taxa de parto cesáreo no Brasil


Analisando os dados geográficos distribuídos no Brasil, no ano de 1996, na região norte-nordeste o indicador mantinha-se dentro dos padrões adotados pela OMS de até 15% com passividade de 25%. Nas demais regiões predominava altos índices (taxas de 26% a 100% de partos realizados por cesárea).

Taxa de parto cesáreo, Brasil, 1996.

No ano de 2010, a observação é abrangente e torna-se uma visão homogênea com 92,26% do país com taxa de parto cesáreo acima de 25% do total dos partos.
Taxa de parto cesáreo, Brasil, 2010.
O nordeste com localização à oeste do Rio Grande do Norte, Paraíba, centro-oeste brasileiro, oeste, sul e sudeste de Minas Gerais, Espírito Santo e região sul, com valores que variam na maioria de 50% a 100% de cesarianas.

É importante ressaltar que hipóteses podem ser estudadas para revelar o porquê da concentração dos altos índices. Um deles poderia ser a grande oferta de hospitais com leitos de uti neonatal ou grandes estruturas preparadas para alto risco ou até mesmo grande número de planos de saúde, onde, historicamente, tem demonstrado valores tão absurdos frente à oferta SUS.

É fato ainda não desconsiderar o fator médico. A indicação médica da cesárea é uma realidade brasileira, onde muitas vezes este profissional induz a gestante de uma condição que há alternativas, além do comodismo de ambas as partes. Este fator pode ainda demonstrar a capacidade do profissional em assumir um parto que, em si, oferece menos riscos a gestante e ao bebê, mas pode onerar em horas de trabalho de parto.

Ações pelo setor público e pelo setor privado podem ajudar a minimizar esta realidade. A imposição de metas para ambos setores podem trazer, por exemplo, economias financeiras no pagamento dos procedimentos cirúrgicos. A divulgação das vantagens à mãe e à criança do parto normal, incentivo ao parto normal pelas políticas públicas e incentivos às localidades que ofertem parto normal podem vir a contribuir para a mudança.


Bibliografia consultada
BRASIL. Ministério da Saúde. Datasus: Indicadores de Saúde : Disponível em: <www.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm>. Acesso em: 1 mai. 2013.

REDE Interagencial de Informação para a Saúde Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações / Rede Interagencial de Informação para a Saúde - Ripsa. – 2. ed. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.: il.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Assistência ao parto normal: um guia prático.Genebra: 1996.

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