Comparação de indicadores Cuba x Brasil - Parte 2

Em 2013, o Blog Geografando utilizou uma ferramenta do google muito interessante que indexa alguns dados públicos e disponibiliza através de gráficos, mapas, etc, no link de Public Data do próprio google.

Na ocasião, devido a diversas questões sobre a saúde no Brasil e Cuba, o blog realizou uma comparação com alguns indicadores de saúde entre os dois países com o objetivo de elucidar o panorama sobre a polêmica, pois, constatava que a distância existe.

Com o objetivo de ampliar esta discussão, abordaremos em mais três artigos, assuntos que terão como eixo os direitos considerados básicos dos cidadãos pela Constituição Federal do Brasil: saúde, educação e moradia. Os indicadores de saúde foram classificados como parte 1 e podem ser revistos aqui.

Esta semana se inicia com os indicadores de educação, momento que serão analisados alguns indicadores entre Cuba e Brasil e constataremos se o princípio básico que possa ser oferecido pelo Estado, está sendo cumprido pelos países.

Iniciamos observando o gráfico 1 onde são apresentados os gastos públicos em educação em relação ao PIB daquele país.

Gráfico 1. Percentual de gastos públicos com educação em relação ao PIB, 1998-2010.


Analisando o gráfico 1, podemos notar que os gastos públicos de Cuba são maiores do que Brasil. Cuba, que avança de 6,21% de verbas públicas em 1998,  passando pelo maior índice de 14,06% em 2008, para 12,84% em 2010, registra um aumento de 106,76%. No Brasil, de 4,87% em 1998, passando pelo menor índice em 2002, com 3,78% e chegando a 5,82% em 2010, registra-se o aumento de 19,51%.

Relacionar gasto público com o valor produção final somado, ou seja, o PIB, pode não apresentar relação alguma. Apesar de demonstrar um bom avaliador, o indicador pode não traduzir uma realidade e sim ser um referência para observar e analisar gastos sociais públicos em cada país.

No gráfico 2, é possível observar que o Brasil possui número maior de alunos por professor no ensino fundamental. Apesar de haver um queda de 1998 para 2010, Cuba se mantem 58,82% menor que o Brasil, com 9,13 alunos por professor em 2010, enquanto o Brasil possui 22,17 alunos por professor no mesmo ano.

Gráfico 2. Quantidade de aluno em relação ao professor, no ensino fundamental, 1998-2010.


Analisando o gráfico 3, os dois países reduziram o número de alunos por professor e também a diferença entre eles, mas o contexto se mantem. Cuba em 2010 possuía 9,46 alunos por professor no ensino médio e o Brasil 16,66.

Gráfico 3. Quantidade de aluno em relação ao professor, no ensino médio, 1998-2010.


Nos próximos gráficos (gráfico 4 e 5) são apresentados o percentual de repetentes no ensino fundamental e médio no período de 2002 a 2010. Nos dois casos o Brasil se mantem acima de Cuba, mas no gráfico 4, que são apresentados os percentuais de repetentes no ensino fundamental, uma queda significativa de 54,15% de 2002 a 2010 já demonstra um fator de mudança no ensino fundamental no Brasil. Cuba também apresentou uma queda registrada em 64,46% no mesmo período.

Gráfico 4. Percentual de repetentes no ensino fundamental, 2002-2010.


No gráfico 5 é apresentada uma outra realidade. A porcentagem de repetência no ensino médio é superior no Brasil, mas sem quedas e ao contrário. Houve um aumento de 3,91% entre o período de 2002 a 2010 no percentual de repetentes no ensino médio no Brasil. Enquanto que Cuba houve uma queda de 63,06% no mesmo período.

Gráfico 5. Percentual de repetentes no ensino médio, 2002-2010.



Conclusão
Não é objetivo do Blog Geografando, e nem conseguirá com este post, esgotar a temática educação em Cuba e no Brasil. Aliás, seria necessário um estudo bem aprofundado, talvez até estatístico, para avaliar a real relação entre os dois países.

De qualquer maneira, os dados demonstram alguns pontos de análise que devem servir de reflexão para que não reproduzamos o que se divulga, sem escrúpulos e de forma antiquada intelectualmente, pelos meios de comunicação. É passível iniciar uma discussão saudável e, a partir do debate e diálogo, repensar sobre nossa atual conjuntura. 

Com os dados é possível afirmar que há pontos positivos em Cuba e pontos que carecem análise atenciosa no Brasil. Mas também é possível identificar que há processos de mudança nos indicadores, fato este que eleva o sentimento almejável de melhora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pirâmide Etária do Brasil

O CONCEITO DE REGIÃO E SUA DISCUSSÃO

Estudo Mosaic: classificação do consumidor brasileiro